Em 22 de dezembro de 1972, dezesseis sobreviventes de uma catástrofe aérea são encontrados no topo da Cordilheira dos Andes . Para sobreviver à temperatura de 20 graus negativos, tiveram de comer os cadáveres congelados de seus companheiros de vôo.
O vôo 571 da Força Aérea Urugaia tornou-se mais conhecido como a Tragédia dos Andes. A aeronave, que transportava 45 pessoas, incluindo uma equipe de rugby, caiu nos Andes em 13 de outubro de 1972. Mais de um quarto dos passageiros morreu tanto durante quanto depois da queda. Dos 29 que permaneceram vivos, outros oito acabariam mortos por uma avalanche que varreu o abrigo improvisado na fuselagem do avião. O último dos 16 sobreviventes seria resgatado apenas em 23 de dezembro de 1972, mais de dois meses após o acidente.
O objetivo da viagem rumo a Santiago do Chile era participar de um jogo amistoso. Mas, no momento em que estavam sobrevoando a Cordilheira dos Andes, o avião não resistiu às más condições climáticas e despencou em uma geleira.
Os sobreviventes tinham pouca comida e nenhuma fonte de calor em condições extremas, a mais de 3.600 metros (11.800 pés) de altitude. Diante da fome e de relatórios da rádio com a notícia de que a busca por eles tinha sido abandonada, os sobreviventes alimentaram-se dos passageiros mortos que haviam sido preservados na neve. As equipes de resgate não tiveram conhecimento da existência de sobreviventes até 72 dias depois do acidente quando os passageiros Fernando Parrado e Roberto Canessa, depois de uma caminhada de 10 dias através dos Andes, encontraram um chileno huaso, que lhes deu comida e, em seguida, alertou as autoridades sobre a existência dos outros sobreviventes.
Ao avistarem o camponês, fracos para gritar, lançaram uma pedra com um bilhete, que terminava com um desesperado “por favor, venham nos socorrer”.
“Não havia tempo para pensar no que pudesse parecer correto ou não para o mundo”, disse, anos depois, Roberto Canessa, na época estudante de medicina.
Livros como o do relato de Nando Parrado e filmes como o uruguaio “La Sociedad de La Nieve”, de março de 2009, contam essa extraordinária e verídica história, que despertam no leitor e no espectador sensações extremas. Surpreende ler que um dos sobreviventes arrancou uma barra de ferro da barriga de outro e, junto com ela, tirou também vísceras.
É angustiante ler que os sobreviventes ouviram num rádio que as buscas haviam sido canceladas, enquanto ainda estavam naquele lugar que não oferecia as mínimas condições de vida. Há um relato interessante sobre esse episódio no livro Alive: The Story of the Andes Survivors (um texto base em entrevistas com os sobreviventes) onde o autor Piers Paul Read descreve o seguinte:
As pessoas que se agruparam em torno de Roy, ao ouvir a notícia, começaram a chorar e orar, todos, exceto Parrado, que olhou calmamente para as montanhas que subiu ao oeste. Gustavo [Coco] Nicolich saiu do avião e, vendo seus rostos, sabiam o que tinha ouvido falar… [Nicolich] subiu pelo buraco da parede de malas e camisas de rugby, agachando na boca do túnel escuro, e olhou para os rostos tristes que estavam voltados para ele. ‘Ei meninos’, ele gritou: há boas notícias! Acabamos de ouvir no rádio. Eles cancelaram as buscas. Dentro do avião lotado, houve um silêncio. Como a sua situação de desespero os envolveu, eles choraram.
“Por que diabos é uma boa notícia?” Paez gritou com raiva para Nicolich. ‘Porque isso significa’ (Nicolich disse), ‘que vamos sair daqui por conta própria’. A coragem deste menino impediu uma inundação de total desespero.
Atualmente, alguns dos sobreviventes dão conferências voltadas a empresários, empreendedores e desportistas. O grupo também se reúne, anualmente, no dia 22 de dezembro para celebrar uma espécie de aniversário, pois, nesta data, em 1972, todos consideram ter nascido novamente.
Saiba mais detalhes dessa história real no seu artigo na Wikipédia.
Via Opera Mundi.
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