Pra quem não ficou sabendo, ou simplesmente não convive comigo, gostaria de começar esse texto dizendo que eu comprei um pequeno instrumento havaiano chamado ukulele. Existem divergências sobre a forma certa de se pronunciar essa palavra, eu no começo falava “ukulelê”, mas percebi que a forma mais usada seria “ukulêle”.

Hudson_HUK-S_Soprano_Ukulele

Bem, meu interesse em tocar ukulele começou quando eu ouvi mais detalhadamente a seguinte música:

Essa música se chama “Sea of Serendipity” e faz parte da trilha sonora do jogo de video-game Rayman. Eu descobri a música quando instalei uma versão do jogo do Rayman para celular. Ela ficou simplesmente instalada na minha cabeça, mas não de uma maneira ruim. Era como se tivessem conseguido traduzir a tranquilidade para um assobio e um instrumental. A partir daí determinei que precisava aprender a tocar essa música.

Com um pouco de pesquisa, descobri que ela era executada no tal ukulele. Pesquisei um pouco os acordes e acabei descobrindo a curiosa origem do simpático instrumento, o que me motivou a escrever um pouco sobre ela aqui.

O ukulele tem sua origem no século XIX tendo como ancestrais o braguinha ou machete e o rajão, instrumentos levados pelos madeirenses, nomeadamente João Fernandes, quando estes emigraram para o Havaí para trabalhar no cultivo da cana-de-açúcar naquelas ilhas.

João Fernandes, o pai do ukulele

João Fernandes: pai do ukulele

Quando o navio SS Ravenscrag chegou a Honolulu na tarde de 23 de Agosto de 1879, levava 419 imigrantes portugueses a bordo, provenientes da ilha da Madeira. João Fernandes, então com 25 anos, para celebrar o fim da viagem de 4 meses e 15.000 milhas, pegou na versão madeirense do cavaquinho, a braguinha do seu amigo Manuel Nunes, pulou do navio e começou a tocar modinhas típicas da sua terra natal. Os havaianos, impressionados com a velocidade com que os dedos de João percorriam o instrumento, chamaram este de ukelele, que traduzido significa “pulga saltitante”; pelo menos essa foi a impressão que os dedos de João Fernandes deixaram.

A Gazeta Havaiana dizia na época: “uma banda de portugueses, composta por insulares da Madeira, chegou aqui recentemente, tem deliciado as pessoas com concertos nocturnos pelas ruas. Os músicos são verdadeiros artistas com os seus estranhos instrumentos, os quais são um tipo de mistura entre uma viola e um banjo, mas que produzem uma música muito doce nas mãos dos trovadores portugueses”.

Cynthia Fernandes, bisneta de João Fernandes participou de uma reportagem em vídeo sobre o seu avô intitulada “Joao Fernandes brings the Ukulele to Hawaii” e realizada a 16 de Agosto de 2008 por Zee’s Universe, num canal do YouTube:

Pois então, graças ao amigo português João Fernandes, que estava muito entediado por passar 4 meses num navio e teve a alegria de desembarcar no Havaí, hoje temos esse instrumento tão popularizado que parece traduzir simplicidade e tranquilidade.

Ah, se você ficou com curiosidade pra saber se eu aprendi a tocar a música do começo do post, diz aí o que achou desse trecho:

Fonte: Wikipedia.

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