Provavelmente ao ler o título deste texto, você vai pensar “ah, você tem medo de barata, é? Um homem do seu tamanho…” e coisas do tipo. Mas o que eu sinto atualmente pelas baratas não é exatamente medo. Talvez tenha sido, em alguma época da minha vida. Mas agora não. Ao ver uma barata, o que sinto pode ser muito melhor descrito como sendo um ódio assassino, por mais maldoso que isso possa parecer.

morte a todas as baratas.

O que sinto pelas baratas é uma vontade insaciável de vê-las mortas. Não sei se com você também é assim mas nos últimos tempos, ao ver uma barata em casa, a impressão que tenho é de ver um invasor, alguém indesejado e não convidado que entra escondido para roubar parte da minha comida, morar na minha casa e me tirar a paz. Como pai de família que agora sou, me sinto ULTRAJADO ao perceber que um inseto imundo entra na minha casa, no meu CASTELO, e na maior cara de pau quer viver às minhas custas e se reproduzir nas minhas dependências. Não tenho como aceitar isso e penso que a morte é uma punição plausível para tamanha petulância.

Por ter uma criança em casa, evito ao máximo usar inseticidas pois fico com bastante medo de acontecer um envenenamento. Essa limitação me fez buscar soluções mais alternativas na minha determinação pessoal de eliminar toda e qualquer barata que entre na minha casa.

Certa noite, quando fui tranquilamente até a cozinha beber água, me deparei com um indivíduo dessa espécie detestável. Todo o ódio que descrevi acima me veio naquele momento e resolvi que não sairia dali sem tirar a vida daquela barata maldita. Como não queria usar veneno e não queria acordar toda a casa com o som de chineladas, fui lentamente até a área de serviço (para não provocar a fuga de meu inimigo) em busca de alguma outra substância que pudesse provocar a morte da infeliz. Passei os olhos pelos produtos de limpeza e não vi nada que parecia ser perigoso para uma barata… Eu precisava de algo forte, que fosse eficaz em tirar-lhe a vida. Foi aí que eu parei meus olhos no já tradicional recipiente verde escuro: a água sanitária.

Qboa

Parecia perfeito. Não é possível que uma barata resistiria a uma esguichada de Qboa nas idéias. Esse negócio serve pra desinfetar tudo, então duvidei que a safada resistiria. Peguei a garrafinha verde e voltei pra cozinha, bem lentamente, como um ninja se escondendo nas sombras pronto para usar sua espada mortal.

Ao procurar a barata, percebi que ela tinha se escondido, mas estava óbvio que ela estava atrás da lixeira perto de onde a vi. Me aproximei um pouco para preparar meu tiro de Qboa e disparei atrás da lixeira. Rapidamente tirei a lixeira do lugar e vi, com um sorriso no rosto, que a barata estava com as patas viradas pra cima e se debatia freneticamente, agonizando em dor. “É isso que acontece quando uma de vocês tenta entrar aqui”, pensei olhando pra barata, como se ela pudesse me ouvir. Observei friamente os movimentos rápidos de suas pernas passarem a ser cada vez mais lentos, até pararem por completo. Me senti vingado. Pelo menos aquela barata ali não ia mais querer dar uma de esperta pra cima de mim, morando na minha casa.

Depois que descobri a efetividade da água sanitária para assassinar baratas, comprei um borrifador onde coloco uma solução de água + água sanitária, que deixo na área de serviço. Toda vez que vejo alguma barata incauta procurando algum farelo ou tentando mudar de esconderijo, vou atrás da minha arma de execução sumária. Passei a ter uma vida dupla. Durante o dia, sou uma pessoa comum. A noite, passo a ser um eventual serial-killer de baratas. Na minha casa, meu objetivo é não deixar nenhuma viva. Nenhuma.

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