Navegando hoje pelo Twitter, descobri que neste ano de 2012 fazem exatos 20 anos que foi enviado o primeiro e-mail contendo um arquivo em anexo.

Entenda agora como tudo começou e conheça um pouco sobre o protocolo que torna isso possível, o MIME.

nathaniel borenstein é o cara [que junto com ned freed] escreveu o protocolo que permite a inclusão de arquivos anexos a emeio, o MIME. isso fez exatos 20 anos agoradevidamente comemorados.

multipurpose internet mail extensions, MIME, é a forma padrão de transmitir qualquer coisa via emeio e cerca de um trilhão de objetos multimedia trafegam pelos links de internet todo dia, hoje, graças a ele. não é pouca coisa. o que seria dos aposentados que passam o dia a enviar arquivos .PPS sobre absolutamente tudo, desde previsões do fim do mundo a mensagens de auto-ajuda [pra consolar os amigos, caso a primeira opção aconteça…] sem MIME?

pois bem: borenstein escreveu um pequeno texto apontando as oito principais lições aprendidas no desenvolvimento de MIME, e a primeira é que o lugar onde você trabalha é importante [para o desenvolvimento de coisas de tamanho impacto]. a bellCore investiu dois anos no protocolo, pois ele fazia parte de sua estratégia de promover o uso de “banda”no futuro… o que conseguiu mesmo. um trilhão de attachments por dia não é brincadeira.

a segunda e terceira lições têm a ver com interoperabilidade. MIME não foi o primeiro “padrão” para transporte multimídia na internet; carnegie-mellon e [olha só quem…] steve jobs fizeram o primeiro e o segundo… mas eles não se falavam. as lições de número cinco e seis são o que faz a maioria das coisas que dão certo darem certo: tenha objetivos modestos, realistas e limitados e se convença de que sua visão de mundo [também] é limitada. só vez por outra é que um grupo consegue fazer muito mais do que o que começou a tentar fazer.

a sétima é uma lição que borenstein diz ser a mais difícil de transmitir a cientistas, engenheiros e técnicos [e eu concordo]: marca, marketing e reputação são essenciais para o sucesso de qualquer projeto. o link para as lições tem uma discussão interessante sobre o assunto, incluindo a escolha do nome do protocolo!…

finalmente, como para a coisa dar certo tinha que ser global, em todas as línguas, sistemas operacionais e redes, tornar o resultado do esforço da bellCore de domínio público foi essencial. borenstein liberou MIME como uma adição aberta ao protocolo de emeio implementado em UNIX e, dias depois, a coisa já funcionava em DOS e outros sistemas operacionais.

de lá pra cá [a especificação de MIME se tornou uma “proposta de padrão” em junho de 1992], o protocolo moveu bits e mundos. e tudo porque borenstein, quando o projeto começou em 1990, tinha uma ideia bem simples: escrever um protocolo que, no futuro, lhe permitisse receber fotos dos netos por… emeio. e foi exatamente isso que começou a rolar em 2009.

E se você se pergunta qual teria sido a primeira mensagem de e-mail contendo um anexo e qual seu conteúdo, é só ver com os próprios olhos  o dito cujo abaixo, na íntegra:

Message-Id: <Edjbh9O0M2YtQL5uct@thumper.bellcore.com>
Date: Wed, 11 Mar 1992 16:27:37 -0500 (EST)
From: Nathaniel Borenstein <nsb>
Mime-Version: 1.0
To: ietf-822@...., info-metamail@....
Subject: Barbershop MIME

Those of you not running MIME-compliant mail readers won't get a lot out
of this, nor will those without ftp access to the Internet, but for the
lucky few....

Here are the infamous Telephone Chords, the world's premier (=only)
all-Bellcore barbershop quartet, singing about MIME.  Note that because
the "message/external-body" MIME construct is used, this whole message
is only about 3000 bytes -- at least, until you start reading it.  :-)

(To the tune of “Let Me Call You Sweetheart”)

Let me send you email if you have the time
Let me sing you email now that we have MIME
You have lots of bandwidth, I have lots of bits
Let’s use MIME for email, plain text is the pits! 

[jwplayer config=”Audio Player” mediaid=”869″]

No audio? Try clicking here. [Arquivo original em .wav]  

 
The Telephone Chords, 1992

John Lamb, bass                                  Michael Littman, lead
David Braun, baritone                        NSB, tenor

 

Internet também é história e cultura.

🙂

via twitter do Silvio Meira, aqui e aqui.

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